quinta-feira, 5 de julho de 2012

Co-Incineração



Actualmente o conhecimento cientifico e tecnológico é um dos principais factores que influenciam o eficaz desenvolvimento, económico, social e cultural de um país.
A influência da ciência no nosso dia-a-dia é de tal forma importante que é quase impossível imaginar como seria hoje o mundo, caso o conhecimento científico e tecnológico tivesse estagnado há alguns séculos atrás. Se tal tivesse acontecido não existiriam computadores, telemóveis, métodos contraceptivos, vacinas, antibióticos, automóveis, frigoríficos, televisores, co-incineradoras, entre muitas outras coisas que fazem parte do nosso quotidiano e sem as quais não nos imaginamos.
Durante estes últimos anos a par do desenvolvimento científico e tecnológico, verificou-se na maioria dos países desenvolvidos uma acumulação irresponsável dos seus resíduos (urbanos, industriais, hospitalares, entre outros) sem que se tenha presente a preocupação com o tratamento desses resíduos.
Esta acumulação irresponsável de resíduos por parte da população mundial, poderá ter impactos futuros na contaminação dos solos, águas e ar, com efeitos drásticos para a saúde pública. Para fazer face a esta problemática mundial e após várias pesquisas científicas surgiu um sistema que permite a separação de lixos perigosos/lixos não perigosos e posterior tratamento das mesmas, a que se dá o nome de co-incineração.
A co-incineração consiste no aproveitamento das altas temperaturas dos fornos das cimenteiras, por forma a queimar os resíduos perigosos, ao mesmo tempo que se produz o cimento propriamente dito.
Consideram-se resíduos perigosos:
#Substâncias solventes de limpeza;
#Substâncias solventes de indústria química;
#Tintas e vernizes;
#Óleos usados;
#Alcatrões;
#Betumes;
#Lamas de estações de tratamento de águas;
O processo da co-incineração implica, obrigatoriamente, que os resíduos industriais considerados perigosos sejam encaminhados para uma estação de pré-tratamento (este encaminhamento é o que constitui a peça chave do sistema da co-incineração). Nessa estação de pré-tratamento os lixos com pouco poder calorifico (como as lamas de estações de tratamento de águas residuais) são submetidos a trituração, dispersão e separação dos materiais ferrosos. Por outro lado os resíduos líquidos (todos os solventes, tintas e vernizes) são embebidos em serradura, podendo também sofrer uma centrifugação para os resíduos líquidos que possuam uma grande quantidade de água. Para o caso dos resíduos designados como termo fusíveis (alcatrões e betumes) será feito o seu rearmazenamento em lotes.

Após a separação de resíduos, tal como referida anteriormente é, que os resíduos serão devidamente enviados às cimenteiras onde se fará o restante processo da co-incineração em si.
Tal como qualquer processo de evolução científica e tecnológica a co-incineração também tem vantagens e desvantagens, a saber:
ŒVantagens da co-incineração
FPoupança de recursos não renováveis;
FReduzida emissão de poluentes para o solo, águas e atmosfera;
FRedução de combustíveis fósseis (ex. carvão).
Desvantagens da co-incineração
FProdução de gases extremamente tóxicos (ex. a Dioxina) com efeitos a longo prazo, prejudicial a todos os seres vivos e que pode ser transportado a longas distâncias por correntes atmosféricas.
Embora a Europa atravesse uma grave crise económica e financeira é necessário não esquecer que se deve ter em atenção a sustentabilidade do planeta, para isso devem os governantes, a nível mundial, encontrar soluções de produção alternativas, que permitam criar hoje bens e serviços sem comprometer os recursos do futuro, bem como minimizar os impactos ambientais globais quer da agricultura, quer da indústria e até mesmo a nível dos transportes.
Assim, a co-incineração de resíduos é já uma prática corrente em todo o mundo, particularmente na Europa.
Para tal, a Europa já fez saber que todos os Estados-Membros da União Europeia devem promover medidas por forma a:
QValorizar os resíduos por reciclagem;
QValorizar os resíduos por recuperação;
QValorizar os resíduos por qualquer outra acção que leve á obtenção de matérias-primas secundárias;
QE, utilização de resíduos como fonte de energia.
Em suma, a evolução científica e tecnológica transformaram a nossa sociedade, modificando atitudes e comportamentos das populações, alterando assim a vida de muitos cidadãos.
A co-incineração é um dos exemplos dessa evolução científica e tecnológica, que faz parte do quotidiano dos cidadãos europeus.
Embora saibamos que o processo da co-incineração produz efeitos positivos para o ambiente, eliminando de forma correcta os resíduos perigosos e evitando o consumo de combustíveis fósseis, com a poupança de recursos naturais não renováveis, é preciso não esquecermos que este processo só será seguro quando existirem filtros verdadeiramente eficazes, capazes de reter os gases perigosos evitando assim um perigo eminente para a saúde pública e para o meio ambiente.

Maria Emília Gomes



1 comentário:

  1. O artigo que ora comento é um exemplo expressivo de co-incineração da ciência .
    Como é que um método de queima de resíduos do qual resulta a libertação de dioxinas que são as substâncias de mais alto teor cancerígeno que a humanidade conhece pode produzir « efeitos positivos para o ambiente, eliminando de forma correcta os resíduos perigosos » .
    Só mesmo na cabeça da própria autora

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